De Onde Vêm As Boas Ideias - Resenha crítica - Steven Johnson
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De Onde Vêm As Boas Ideias - resenha crítica

De Onde Vêm As Boas Ideias Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Produtividade & Gestão do Tempo

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Where Good Ideas Come from - The Natural History of Innovation

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 9788537806845

Editora: Zahar

Resenha crítica

Vamos aprender um pouco mais sobre inovação! Aqui, vemos diversas análises, assim como histórias e evidências científicas acerca da criatividade e a forma que o poder criativo nasce nas mentes das pessoas. Que tal entender um pouco mais sobre como sua mente funciona e como tirar o melhor proveito da criatividade inata existente aí?

O autor aqui é Steven Johnson, um escritor de ciência americano, formado em Semiótica e em Literatura, ele é o nome por trás de livros best-sellers como "The Ghost Map" e "Everything Bad is Good For You". Entenda mais do que este homem tem a te ensinar nos próximos 12 minutos!

Evolução e inovação

Evolução e inovação começam a partir do que é possível em um dado momento. O possível adjacente. Bilhões de anos atrás, átomos de carbono começavam a formar uma mistura substâncias que eventualmente daria origem àvida em nosso planeta. Aos poucos, os átomos iam se combinando e formavam moléculas, proteínas. Essas moléculas e proteínas iam se combinando iterativamente para posteriormente se combinarem nas células dos primeiros organismos vívos. A cada nova combinação, surgiam novas possibilidades, até que os seres vivos mais elaborados e complexos surgiram na terra. Era preciso passar por várias etapas, para garantir que certas combinações funcionassem, se multiplicassem e estas conexões gerassem novas combinações. Da mesma maneira, uma empresa de internet como o Ebay, não poderia ter sido criadahá 50 anos atrás. Ainda não existiam computadores, ferramentas para que os computadores se conectassem um ao outro e uma rede mundial de computadores que permitisse que as pessoas estivessem online e pudessem efetivamente comprar. Tanto em uma inovação como Ebay, como na evolução, estas novas condições tendem a acontecer nos limites do possível adjacente, na esfera das possibilidades disponíveis em um determinado momento. Avanços além do possível adjacente são raros e condenados a se tornarem fracassos a curto prazo se o ambiente ainda não está pronto para eles. Se o YouTube tivesse sido lançado nos anos 90, ele teria sido considerado um fracasso, já que, naquela época, não existiam conexões de internet rápidas para que os usuários pudessem assistir videos em seus PCs. O possível adjacente é limitado pelas peças e conhecimento existentes no momento atual. Isso explica porque tantas vezes, pessoas em lugares diversos do mundo fazem descobertas muito similares quase simultaneamente. Carl Wilhelm Scheele e Joseph Priestley isolaram o oxigênio no século 18, sem conhecerem um ao outro e apenas com 2 anos de diferença. Porém, eles partiram do mesmo ponto inicial, pois a busca pelo oxigênio não poderia ter começado até que a natureza gasosa do ar fosse compreendida.

Ideias que mudam o mundo geralmente evoluem ao longo do tempo e não em saltos repentinos

Embora pareça que as grandes descobertas acontecem isoladamente, quando as observamos em detalhe, percebemos que na realidade elas se desenvolvem lentamente, amadurecendo aos poucos. A teoria da seleção natural de Charles Darwin, surgiu enquanto ele estudava a teoria maltusiana de crescimento populacional. Mas com uma observação mais detalhada, é possível notar em suas anotações que, antes dessa epifania, ele já havia descrito uma teoria da seleção natural quase completa. O olhar em retrospecto faz a ideia parecer óbvia, a ponto de parecer que foi um insight imediato, uma descoberta momentânea, mas essa não é a verdade na maioria dos casos. A história da internet também tem uma origem similar. Um engenheiro britânico chamado Tim Berners-Lee é creditado como o pai do conceito da internet como ela é hoje. Alguns anos atrás, abordado por um repórter, ele foi perguntado de onde veio esta ideia tão visionária. Tim não sabia o que responder e ficou paralizado. Não é que ele tinha esquecido a circunstância do seu momento de eureka e por isso não conseguiu responder ao jornalista. Na verdade, a ideia básica da internet estava em sua mente por mais de uma década. Porém, apenas quando ele começou a trabalhar como consultor no laboratório da CERN é que as ideias se cristalizaram em sua mente. Para Tim Berners-Lee, não houve uma epifania, um momento de eureka e sim anos de combinações lentas. Ele iniciou um projeto paralelo que permitiu que armazenasse e conectasse pedaços de informações, como nós em uma rede. Mais uma década se passou e a CERN oficialmente o autorizou a trabalhar no projeto e assim surgiu a tecnologia que permitiu que a rede mundial de computadores existisse.

Plataformas são a espécie-chave quando se fala em inovação

O termo científico espécies-chave é usado para descrever organismos que são desproporcionalmente importantes para o bem-estar do ecossistema. Eles são como engenheiros do ecossistema criando habitats para outros organismos, construindo plataformas as quais muitos outros organismos precisam para sobreviver. Um bom exemplo são os castores que derrubam árvores. Estas árvores atraem pica-paus para fazer buracos para abrigar seus ninhos. O castor cria portanto uma plataforma para o pica-pau. Quando os pica-paus vão embora, esses buracos são ocupados por pássaros cantores. E o pica-pau cria uma plataforma para os pássaros cantores.
Essas plataformas também existem na esfera da inovação e são usadas para que a ela seja acelerada dentro possível adjacente. Um bom exemplo de plataforma, neste contexto, é a navegação por GPS. Ela foi criada num centro de pesquisas do exército para situar elementos baseados em suas coordenadas geográficas capturadas via satélite. Décadas depois, o GPS se tornou a fonte de dezenas de combinações que nos trouxeram grandes novas ideias. Ele permitiu que surgissem dezenas de serviços baseados em localização, milhares de aplicativos móveis e hoje, até mesmo a publicidade se baseia na localização do usuário impactado. Plataformas geralmente trabalham em conjunto, ou seja, uma plataforma serve de base para que outras plataformas surjam e estas combinações produzem ambientes propensos à inovação. Um bom exemplo são as redes sociais como o Twitter e o Facebook. Eles foram criadas sobre a rede mundial de computadores e posteriormente se tornaram plataformas também. Hoje existem milhões de aplicativos criados sobre estas novas plataformas que se derivaram da rede mundial de computadores. O possível adjacente está em constante evolução e transformação

Inovação e evolução dependem de redes

Toda a vida na Terra se baseia no átomo de carbono, que é o componente fundamental para conectar átomos e formar cadeias de moléculas. Essas conexões permitem que surjam novas estruturas, como as proteínas. Sem o carbono, a Terra provavelmente seria uma sopa morta de produtos químicos. Conexões também são propulsores de ideias. Quando os humanos começaram a se organizar em comunidades, eles passaram a se expor a novas ideias e a espalhar suas próprias descobertas. Antes dessas conexões, a ideia nova de uma pessoa não se multiplicava, pois não havia uma rede para espalhá-la. Nos anos 90, psicólogos decidiram gravar tudo o que acontecia em quatro laboratórios de biologia molecular. Acredita-se que em um campo como a biologia molecular, grandes descobertas são feitas observando pelo microscópio, não é mesmo? Surpreendentemente, verificou-se que as ideias mais importantes surgiam durante as reuniões do laboratório, quando os cientistas discutiam seu trabalho com seus colegas. Além disso, estudos comprovam que os indivíduos mais criativos tem amplas redes sociais que se extendem para fora de sua própria organização e, assim, eles se colocam abertos a receber novas ideias de contextos diferentes. Assim como o surgimento das comunidades, cidades e vilas acelerou a multiplicação das ideias, a internet também se tornou um canal-chave de difusão de ideias. Na rede mundial de computadores, ideias se criam, conectam e se difundem em velocidades cada vez maiores.

A colaboração é tão importante quanto a competição

Poder se beneficiar financeiramente de suas descobertas é um dos principais fatores que levam à inovação. Mas, enquanto a comercialização de invenções estimula a inovação, ela também pode gerar patentes e outras restrições que prejudicam na disseminação e evolução das ideias. Portanto, os próprios mercados que deveriam garantir a constante inovação, são, de fato, estruturalmente ineficientes, pois criam mecanismos (como as patentes) para evitar que as ideias se combinem. As inovações estimuladas pelo mercado como nos Estados Unidos têm sido mais efetivas do que as inovações em economias fechadas como a União Soviética, mas isso não significa que este seja necessariamente o melhor caminho. Inventores merecem ser recompensados, mas o objetivo final é aumentar a inovação como um todo, sem restrições. Em seu livro A Origem das Espécies, Charles Darwin deu ênfase à colaboração entre as espécies e a seleção natural, que deriva da competição por recursos. Conexões entre ideias, assim como a colaboração entre espécies, podem ser um estímulo tão bom àinovação quanto a própria competição.

Redes inovadoras também devem oscilar entre a ordem e a anarquia

A habilidade do carbono de se conectar com outros átomos foi vital para a evolução da vida. mas uma segunda e imprevisível força foi também necessária: a água. Além do carbono, capaz de se combinar com facilidade para o surgimento da vida, outro componente foi essencial, a molécula do H2O. A água se move dissolvendo e erodindo o que está no seu caminho, assim alimentando novas formas de conexões entre átomos. Por outro lado, as fortes ligações de hidrogênio das moléculas de água ajudam a manter essas conexões de forma estável. Essa mistura de turbulência e estabilidade é o motivo pelo qual ligações líquidas e maleáveis são as melhores para a evolução da vida e para a criatividade. Conexões aleatórias e imprevistas levam a descobertas acidentais.O caos e a criatividade estão ligados até mesmo em um nível neurológico. As ideias são de fato manifestações de uma complexa rede de neurônios se conectando, e novas ideias só são possíveis quando novas conexões são formadas. Nossos neurônios se alternam entre estados de caos, em que disparam completamente fora de sincronia um com o outro, e estados sincronizados, onde são ativados na mesma frequência. Estudos mostraram que, quanto maior o tempo de exposição do cérebro ao estado de caos, mais inteligente a pessoa é, e isso a torna capaz de fazer conexões mais complexas.

Um espaço comum leva à "serendipidade"

Serendipidade é o ato de fazer descobertas afortunadas, aparentemente, por acaso.

Quando ideias convergem em um espaço compartilhado como em uma reunião entre pessoas de diferentes áreas do conhecimento, misturas criativas surgem e novas combinações se tornam possíveis. Interações compartilhadas em espaços físicos ou virtuais permitem que as ideias se difundam, circulem e se combinem de forma aleatória. Facilitar essas conexões depende apenas de que você use seu cérebro para processar ideias de diferentes áreas. Inovadores como Benjamim Franklin se beneficiaram muito disso ao trabalhar em vários projetos simultaneamente, para que as conexões entre os projetos pudessem surgir. Em uma empresa, a chave para inovação é uma rede que permita que palpites amadureçam, espalhem-se e se combinem com outros abertamente.

O erro faz parte do processo de inovação e evolução

O erro está presente tanto na evolução da vida quanto na inovação de grandes ideias e não é necessariamente uma coisa ruim. Nossos genes são passados de pai para filho, fornecendo instruções genéticas sobre como o filho deve se desenvolver. Porém ocorrem mutações ocasionais nestas instruções e sem estes erros a evolução teria se estagnado. Mutações criam novas formas de vidas e novas características nas formas de vida existentes. Apesar de muitas mutações falharem, ocasionalmente elas acertam e com isso vem a evolução. A penicilina só foi descoberta por causa de um erro: Alexandre Fleming permitiu sem querer que uma amostra de bactéria fosse contaminada por mofo e começou a imaginar o que havia matado a bactéria. Inovações pedem reinvenção e reutilização do passado. O termo exaptação é utilizado para descrever o fenômeno onde uma característica originalmente desenvolvida para um propósito específico é eventualmente usada de uma maneira completamente diferente. Por exemplo, as penas das aves tinham como objetivo inicial regular a temperatura, mas acabou permitindo que os pássaros pudessem voar. Frequentemente, ideias são similarmente reaproveitadas e exaptadas. A internet foi criada para a pesquisa científica, mas eventualmente ela se transformou em uma rede de sites para compras, consumo de notícias, relacionamento com amigos e até mesmo pornografia. Gutenberg, por outro lado, encontrou um uso diferente para uma invenção milenar. Ele combinou a velha máquina de espremer uvas com seu conhecimento de metalurgia e criou a primeira impressora do mundo, revolucionando a maneira como a humanidade se comunica.
Usos não convencionais para itens e ideias antigos ou até mesmo descartados induzem inovação. Itens descartados também são transformados através da inovação. Assim como a estrutura do esqueleto deixada por corais mortos é a base para o ecossistema dos recifes, prédios abandonados podem se tornar a origem de novas subculturas urbanas.

Notas Finais

Assim como a evolução da vida no planeta Terra, as ideias derivam da combinação constante entre o que é possível em um dado momento e seu futuro adjacente, ou seja, em inovação, não existem grandes saltos disruptivos e sim cadeias de evoluções constantes. Esse desenvolvimento é lento e gradual, mas pode ser acelerado por alguns fatores. Plataformas, redes e espaços compartilhados ajudam as ideias a se combinarem mais livremente e tornar maior o possível adjacente.

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Quem escreveu o livro?

Steven Berlin Johnson é um escritor de ciência norte americano, nascido em 1968. Formado em semiótica pela Universidade Brown e em literatura inglesa pela Universidade Columbia. Johnson é o autor de nove livros, em grande parte sobre ciência, tecnologia e experiência pessoal. Ele também co-criou alguns sites influentes, entre eles: a revista online pioneira FEED, o site da comunidade Webby Aw... (Leia mais)

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